POR TRÁS DA PEDRA, O MAR E O SOL: O caso da comunidade Pedra do Sal Parnaíba/Pi
Denilson Damasceno Costa
Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do
Piauí, e-mail: denilsoncosta.ufpi@gmail.com/ contato:(86) 994494859.
RESUMO
Praia da Pedra do Pedra do Sal,
comunidade situada a 17 km da cidade de Parnaíba no estado do Piauí, o povoado
é considerado zona rural da cidade, potencial turístico por estar nas
proximidades do Delta do Parnaíba e com atrativos naturais inexplorados como
trilhas ecológicas, o uso das lagoas que se formam no inverno, o artesanato, os
passeios pela praia e encontro das águas, citando também a própria história
local e a paisagem exuberante do pôr do sol. Este resumo pretende mostrar um
pouco da realidade desta comunidade e as transformações sociais e “políticas”
locais. Logo surge o interesse pelo tema enquanto pesquisador e morador deste
bairro relatar através de vivencias do cotidiano com um olhar mais nas questões
sociais, econômicas e políticas, no que diz respeito ao não desenvolvimento da
Pedra do Sal. É de suma importância salientar que há poucas pesquisas
relacionados a temática.
BREVE RELATO SOBRE O MODO DE VIDA DA
COMUNIDADE PEDRA DO SAL
Situada na área litorânea
da APA do Delta do Parnaíba na cidade de Parnaíba - Piauí, uma comunidade onde
os moradores praticam a pesca artesanal, o cultivo de produtos orgânicos para
uso próprio, o comércio e o “turismo,” que por anos são sua fonte de renda.
Podemos dizer que Pedra do Sal tem mais que a pedra, o mar e o sol, existe
história e memória no local. Os moradores tem uma apropriação afetiva com o
ambiente onde vivem. Costumo dizer que é similar ao filme “Bacurau”, a forma
com que as pessoas se apegam ao seu lugar de moradia e a forma como são vistos
e tratados pela gestão municipal.
Assim, percebe-se ao
pisar no solo da comunidade que ali todos se conhecem, todos se protegem, estão
trabalhando em comunidade, mesmo que exista as intrigas pessoais. Meus pais
dizem ser um paraíso, que não há segurança policial, mas não tem criminalidade,
não há saneamento, mas as pessoas se preocupam com seu ambiente, não há
infraestrutura, mas fazem a sua própria, vamos dizer que a gestão fornece o
básico do básico.
UMA VISÃO SOBRE ECONOMIA
Pedra do Sal é uma
comunidade resistente, nos anos de 2005 à 2007, a comunidade costumava ir para
“os matos”, esse era o termo para definir a época da colheita do caju, murici e
do guajirú, sem esquecer da período de caça, que atualmente não mais existe.
Essas atividades ajudavam a comunidade a se estabelecer economicamente,
pois retiravam o caju para vender a castanha e um rapaz que morava na cidade de
Ilha Grande passava para comprar esse produto.
Os donos de bares já se
estabeleciam na época, pois existia fluxo de turistas e visitantes, maior que
no dias atuais, comercializavam bebidas e o pescado da região, eram tempos bons
para a comunidade, comparado ao descaso que é dado na atualidade. Os interesses
da gestão e os “donos das terras” nunca foi o desenvolvimento comunitário.
O comércio sempre foi a
melhor saída para o desenvolvimento, é possível perceber
comparado ao ano de 2004 que existia aproximadamente 2 ou 4 mercearias, hoje há
entorno de 13, a atividade da pesca já não é mais a única saída para as novas
gerações, com as oportunidades e as transformações sociais e tecnológicas, tudo
começa a mudar.
EDUCAÇÃO
Para a educação infantil uma creche nomeada de “João Severo” e uma escola de nível fundamental menor, “Escola Municipal Dr. João Silva Filho”. Essa última que ostenta o sobre nome Silva, oferta apenas
metade do ensino fundamental e depois exige que os alunos se desloquem para as cidades de Parnaíba ou Ilha Grande, com as dificuldades que vem sofrendo nos
últimos anos relacionado ao transporte escolar, é possível perceber que muitos
dos estudantes hoje preferem se deslocar para as escolas da Ilha Grande..
Em 2017 foi inaugurado o
Centro de Educação Janela Para o Mundo, criado pela Ômega Energia na comunidade
Labino – Ilha Grande do Piauí, que oferta cursos de capacitação e reforços
escolares, e que atendem toda região incluindo a Pedra do Sal.
OS ASPECTOS POLÍTICOS
A comunidade está em
constante resistência para garantir seu espaço, é de conhecimento comum que as
terras praieiras são de domínio “familiares”, estas que não cedem de forma
alguma para a comunidade, por conta disso, houve durante anos e até atualmente,
ameaças de retomar a terra, e proibição de construções para os moradores. A Pedra do Sal ia crescer em algum momento, existe um ciclo natural da vida.
Como a gestão e os
políticos estão perante a essa situação? Bom, não há, nenhum vereador ou
qualquer outro político presente na comunidade, nem o próprio prefeito, vamos
dizer que aparecem em algumas ocasiões como o ano de eleição e o São João nos
bairros. Um potencial atrativo turístico natural sendo abandonado.
Entretanto no ano de 2019
a tentativa de revitalizar a praia não funcionou! Por conta dos problemas
sociais e políticos, a comunidade não queria sair de suas atividades de renda e
abandonar seus bares, onde foi ofertado uma mudança na produção e oferta de
produtos. O projeto contemplaria apenas 10 bares, sendo que há entorno de 25, incluindo os quiosques, um espaço para evento e um centro de artesanato,
sendo que o que gera lucro na praia são os bares e restaurantes. Não que a
reconstrução seria algo ruim, porém contradiz os anseios dos moradores.
Assim, levanto uma
possibilidade enquanto morador, que poderia ter acontecido anos
atrás, e se Pedra do Sal estivesse dentro do processo de emancipação junto à
comunidade de Ilha Grande? Teria sido melhor articulado os interesses políticos
e sociais? Por estar mais próximo as duas comunidades, o incentivo seria melhor
no Turismo, os problemas relacionado as terras teria sido menos implicantes?
Provavelmente. Sem dúvidas que seria em um processo lento, mas será que anos? E só ofertaria os serviços básicos?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, Pedra do Sal
permanece em seu estado de abandono, não se pode dizer com certeza o que teria
acarretado se estivesse dentro dos bairros da Ilha Grande do Piauí, mas a única
certeza que nós temos é que ainda falta muito pra ser um bairro pertencente a
cidade de Parnaíba sem estar na categoria rural, e para o turismo o mesmo, sem
infraestrutura básica com qualidade. Esse texto foi escrito baseado nas
vivências, e com influências de autores da antropologia e etnografia que
demonstram e buscam compreender a realidade do homem e o seu papel na
sociedade, o que enriquece mais ainda este relato. Além disso, despertar o
interesse por temáticas sociais das comunidades minimizadas pelo próprio
sistema. E até quando esses problemas se prolongarão?
Fontes:
URIARTE, Urpi Montoya. O que
é fazer etnografia para os antropólogos. Ponto Urbe: Revista do núcleo de
antropologia urbana da USP, 2012. Disponível em: http://pontourbe.revues.org/300 .
Acesso em 25 de novembro. 2019.
MAGALHÃES BATISTA,
Cláudio. Memória e Identidade: Aspectos relevantes para o desenvolvimento do
turismo cultural, Caderno Virtual de Turismo, Vol. 5, núm. 3, p. 27 – 33. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 2005.
BRANDÃO, Carlos
Rodrigues. Reflexões sobre como fazer trabalho de campo. Sociedade e Cultura, v.
10, n. 1, p. 11 – 27. Jan./jun. 2007.
BACURAU. Direção de
Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2019.
132 min.
😉👍🏼
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirAdorei
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