domingo, 25 de julho de 2021

POESIA EM ILHA GRANDE - PARTE 2

 



Gosto dos prazeres singelos;

Sentar ao lado de um amigo em uma tarde nublada, enquanto divide-se café e confidências. Principalmente se o café demorou anos para ser marcado.

Caminhar devagarinho, sem pressa de chegar pelas ruas de minha infância. A cada esquina uma recordação.

Pedalar sem pressa, apreciando o caminho verdejante. E ora ou outra, florido.

Deitar na redinha na varanda e admirar o raiar de um novo dia. E as idas e vindas dos transeuntes.

Apreciar o canto das aves saudando o dia, oh que bela cantoria.

Mergulhar nas águas salgadas da Pedral e lavar a alma. Renovar-se!

Sentar no píer do porto dos Tatus e observar a rotina, das chegadas e das partidas constantes.

E por fim, admirar o espetáculo, que o Sol nós propícia, quando lentamente desce, banhando a tudo com sua dourada luz poente.

Em prece fecho os olhos: "Gratidão Deus por mais um dia e por toda essa poesia que conosco compartilha. Viver é breve e belo. A poesia está nos detalhes do dia a dia.

 

 

Hoje a Senzala vai Tremer!

 

Visa lá que a senzala não vai se calar,

Nossa luta não será contida.

Batida de pé na melodia cadenciada

Batuque do tambor,

O chão da senzala vai tremer.

Deixa o sinhô chegar…

 

Lá vem ele…

Estalando o chicote,

Hoje não! Hoje ele não vai me pegar,

Hoje o negro não vai se calar.

Minha capoeira no meio do terreiro vou jogar

Leiê, laiá!

Leiê, Iaiá!

 

Grita lá na senzala

Minha ginga é a resistência.

Pai Palmares e mãe Dalila lutaram por nós.

Vamos irmãos!

Sacode a poeira, com orgulho entra na roda e ginga

Salve nossa herança.

Nos arrancaram do coração da África,

Nos escravizaram,

Nos chicotearam,

Aos milhões nos dizimaram,

Mas nossa voz não vamos mais calar

Lá vem o sinhô vim me pegar,

Joga ele na roda,

Ensina como se faz:

Aqui sinhô num vamos ser bicho de capataz.

Tua pele escondido nos panos não vale mais do que a minha que reluz ao sol.

Eu sou a resistência,

O grito na senzala

Senzala que não volta a se calar.

Sinhá não precisa correr pra acalentar o negro caído.

Leva daqui o sinhô teu marido.

Me deixa cá que minha mãe negra vai me cuidar.

Aos teus pés deixo essas pulseiras de humilhação.

Calma sinhá, não precisa esconder o pão.

Não há razão para que o sofrimento

Me tenha feito bandido ou ladrão.

Sigo agora na luta com meus irmãos.

A senzala que sofreu calada.

Agora vai gritar!

O chicote que cantou seus estalos no couro do negro agora vai calar.

Dá licença que agora minha capoeira, minha umbanda vai bailar.

Salve meu rei Palmares, minha rainha Dandara.

Sigo na luta

Sigo com fé

Sou negro, minha pele não me envergonha.

Envergonhados são os que se acham que é meu dono. Só que eu sou rei!

Reino soberano sobre meu corpo e minha mente.

Sou filho desse Brasil de tantos.

Mas em meu coração África vive.

E minha alma grita por liberdade!

A enclausurada se libertou.

Salve salve senzala!

Nossa voz vai cantar!

Sou a chave que abre as correntes da senzala.

Sou o negro livre,

Sou o grito,

Sou a resistência!

 

 

Psicomania

 

Taxaram-me de louca por querer ficar,

Taxaram-me de louca por querer tentar,

Taxaram-me de louca por querer amar,

Taxaram-me de louca por querer matar.

 

Quis-te quando te vi,

Reconheci em ti a mesma escuridão que me habitava.

De tanto querer fui me consumindo em vontade.

De tanto amar, perdi minha sanidade.

Mas já não podia me amar, e em meio ao meu riso irônico decidi te matar.

Será que isso é amar?!

Perco a noção do tempo, mesmo quando volto a te procurar já não te encontro, dentro dessa prisão, duvido da minha decisão.

Taxaram-me de louca sem solução.

 

Por: Luana Silva

 

 

Ser outro

 

Crise

Medo

Perdas

Sofrimento

Dor

 

São um convite

Para um novo tempo

Novos valores

 

Inspire ternura

Contagie afeto

Chova humanidade

 

Daqui pra frente

Só paz

Só o bem

Um só povo

 

A nossa moeda

O amor

Nosso trabalho

Aprender

 

Transforme-se!

O mundo é você!

 

 

Por: Kessiane Ribeiro Dias


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