A fim de compreender a campanha eleitoral de 2020 ao executivo municipal, estamos fazendo uma linha do tempo e uma análise da condição dos candidatos que concorreram à essa vaga em 2012. Começamos com Alex Alves no texto passado e hoje falaremos do terceiro colocado de 8 anos atrás.
MAGNO BRITO
HOMEM DE FAMÍLIA
Impossibilitada de concorrer à
reeleição, devido aos inúmeros inconvenientes em sua gestão, Joana D’arc
Ribeiro Machado, primeira dama nos dois primeiros pleitos e prefeita de 2009 à
2012, via-se sem rumo no seu último ano de mandato; para Herbert e Hélio,
aceitar apoio da gestão daquele ano era ir de encontro às suas principais bases
políticas, já que a promessa era de mudança. Então, para não ficar totalmente
de fora, o grupo da prefeitura (2009/2012) apoiou o PT e indicou o professor
Ismael, na época secretário de educação, como vice. A tentativa rendeu uma
expressão de votos relativamente maior do que o partido tem na cidade, porém,
não foi suficiente para derrubar o fantasma do terceiro lugar. Espero que você
tenha lido os textos sobre a emancipação política para entender que, desde o
início, o PT teve papel importante para a luta pela emancipação, porém não
soube trabalhar a personificação do partido, nem convencer os eleitores.
http://www.jornaldaparnaiba.com/2012/08/prefeitura-de-ilha-grande-podera-ter.html
Magno, nascido em 15 de novembro de
1962, aos 32 anos, fez parte do movimento que culminou na emancipação de Ilha
Grande (no grupo também estavam padre Pedro Quiriti, Paulo Rogério, Henrique
Sertão, vários dos primeiros vereadores e outros munícipes). Mas com 26 anos de
campanhas municipais o Partido dos Trabalhadores parece “flutuar” entre segundo
e terceiro plano na política ilhagrandense. Foi oposição nas duas primeiras
campanhas em que Sertão foi eleito (1996 e 2000) e foi vice prefeito na gestão Paulo
Rogério (2004), apoiado por Joana (2012) e apoiador na primeira campanha de Marina Brito
(2016). Voltarei a falar em Marina.
Jornal da Ilha Grande
– julho de 2016.
https://www.jornaldailhagrande.com.br/2016/07/noticia-urgentevereador-angelo-rodrigo.html
Para que o leitor entenda, a política é semelhante a um jogo de cartas, onde a jogada perfeita é ter presidente, senador, deputado federal, deputado estadual, governador, prefeito e vereador, todos de um mesmo partido ou de acordos bem firmados. Quase nunca essa combinação acontece, no entanto o combo: presidente + governador com mandatos combinados, é muito favorável a um líder de partido em uma cidade, mesmo não sendo o gestor. Foi o que aconteceu com o Partido dos Trabalhadores entre 2003 e 2010. De 2005 à 2008, Magno foi vice prefeito em Ilha Grande e mesmo não tendo uma grande participação na gestão municipal, para os companheiros petistas, foram bons anos com o trio: presidente Lula, governador Wellington Dias, vice-prefeito Magno Brito. Atualmente a situação continua favorável, pelo menos para a cúpula do partido, pois desde 2015 Wellington Dias retornou à cadeira de governador do Piauí, o que mantém o grupo próximo da atual gestão Herbert Silva e do deputado estadual Doutor Hélio.
Em Julho desse ano (2020), Magno iniciou uma tímida campanha
populista. Direcionando seus esforços às redes sociais, salpicou informações
sobre si e sobre a luta dentro dos movimentos políticos. Nomeou-se “líder do
movimento de emancipação”, intitulou-se “empreendedor e gerador de emprego e
renda”, responsabilizou-se pelo advento da tecnologia de internet em Ilha
Grande e se qualificou como “honesto e trabalhador”. A Empresa do ramo de tecnologia que ele faz
referência, é a NETWORK, empresa provedora de internet com sede na Avenida
Martins Ribeiro que sua família é dona e que, além de vender internet para
maioria das casas particulares em Ilha Grande e cidades vizinhas, tem contratos
com a prefeitura municipal e o governo do estado, sendo uma das maiores, quiçá
a maior empresa ilhagrandense.
Ainda em julho, Magno é confrontado com o boato de possível apoio
à candidatura de Bernadete Leal, a condição para isso era ele ocupar a cadeira
de vice, porém, o grupo MDB, coordenado/presidido pelo ex-vereador Meu Santo, braço
direito de Herbert e candidato a vice de Bernadete, rejeitou a proposta. Em nota oficial magno responde:
Enfim, no último dia 13 de setembro, durante a convenção municipal do PT, o partido declara seu apoio a chapa de Bernadete Leal. Mais uma vez o 13 é colocado como apoio. Não é mentira que a onda conservadora vem minguando as candidaturas de partidos como o PT pelo país, mas em Ilha Grande ascensão ainda nem tinha acontecido. Para explicar porque isso acontece quero leia a reportagem a baixo:
O apego dos petistas a cargos prejudica Wellington Dias
Bernardoem 20 de dezembro de 2013 em Diversos 0 comentários
Por:Dom Severino
O
comportamento do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado do Piauí, na
defesa da permanência de cargos no governo do estado chega a ser
ridículo e depõe contra a imagem de um partido que já perdeu a honra e
perdeu também a compostura, ao abandonar princípios éticos e morais, em
nome da governabilidade e de um projeto de poder. Hoje o PT é apenas uma
caricatura daquilo que foi no passado. Imagine você, que hoje, o PT
piauiense na maior sem cerimônia defende uma coligação com o seu
arquiinimigo, o PSDB. Deu à louca nos petistas.
O
secretário das cidades do governo do estado do Piauí, Merlong Solano,
para justificar o injustificável, disse ao repórter do Portalaz, Luciano
Coelho que o seu partido não tem apego ao poder. Imaginem se tivesse!
O
governador Wilson Martins (PSB), de maneira inteligente vem sugerindo
ao PT que entregue os cargos que tem no seu governo, para evitar
constrangimentos e desgaste ao próprio governador, que tem autoridade
para mandar para casa, o secretário que não lhe interessa mais.
O
PT com essa sua atitude, procura ganhar tempo, mantendo no governo os
secretários da sua cota, o que por sua vez garante a permanência de
alguns petistas com mandatos na Assembléia Legislativa e na Câmara
Federal.
O
PT no governo se ganha por um lado, perde por outro, pois ocorre que os
petistas no governo não tem moral e independência para criticar Wilson
Martins.
Com
isso ganha o governo, que aposta e investe no desgaste dos petistas –
que aferrados ao poder, comprometem o discurso de Wellington Dias, no
presente e no futuro.
Assim como o repórter cita em 2013,
peço que você relembre de situações semelhantes vividas pelo PT em nível
nacional, estadual e municipal: Dilma e Temer, o mais recente Wellington Dias e
Ciro Nogueira, Paulo Rogério e Magno, Magno e Joana, Marina e Magno. Deixo
claro que acordos assim, que se dissolvem deixando um dos lados em prejuízo,
não são particularidades petistas, muito menos petista ilhagrandense, porém ao
vislumbrar desfavorecimento do partido em detrimento de um subgrupo do mesmo,
há de se reajustar os objetivos, realinhando e adaptando o grupo geral para que
seja possível um renovação; ao invés de manter a concentração de poder
(liderança) sob julgo de poucos e cansados membros.
O atual vice prefeito é fruto de um
desligamento do PT, Edmar foi vereador pelo Partido dos Trabalhadores por 8
anos e ao tentar encabeçar a candidatura, foi barrado internamente pelo grupo. Assim
como Edmar, outros correligionários abandonaram a canoa petista ao se sentirem
podados dentro do partido nesses últimos 26 anos. De fato, conhecendo a
formação do PT e um pouco da história da Revolução Russa, conseguimos fazer uma
comparação entre a queda do Muro de Berlim em 1989 que significou ou esfarelamento da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e o enfraquecimento do
Partido dos Trabalhadores na atualidade ilhagrandense, no que diz respeito ao
fortalecimento de um líder ou subgrupo do partido ao invés do enfraquecimento
do Estado e da politica conservadora para o alcance dos ideais comuns.
Ao
falar sobre a Revolução Russa, é comum notarmos que muitos se questionam sobre
a crise do bloco socialista. A famosa queda do Muro de Berlim representa a
falência de um sistema que não conseguiu empreender as diretrizes que
rivalizaram com o capitalismo após a Segunda Guerra Mundial. Tomando esse
quadro de conhecimento como referência, é possível debater os destinos da
Rússia após o sucesso da Revolução de 1917.
Conforme
sabido, o governo russo tomou suas primeiras ações transformadoras no breve
tempo em que Vladmir Lênin esteve à frente do país. Empreendendo a criação da
NEP, a União Soviética deu seus primeiros sinais de recuperação após anos de
miséria e conflitos. Contudo, em 1923, a administração de Lênin chegou ao fim
com a morte do líder. Dessa forma, Josef Stálin chegou ao poder com o expresso
apoio político daqueles que abraçaram o chamado “socialismo em um só país”.
Nesse momento é necessário questionar se a política de Josef Stálin esteve, de
fato, comprometida com o fortalecimento do socialismo russo e o que essa ação deixou de herança para o regime político.
Assim
como o PT, que está sob as ordens de um único líder a quase 3 décadas, 30 anos
se passaram com a União Soviética sobre o mando Stalinista. Em 1953, Josef
Stálin morre e sobre o acontecimento, o escritor Eugênio Evtuchenko faz a
seguinte declaração:
"Inesperadamente, um
acontecimento abalou toda a Rússia. Em 5 de março de 1953, morreu Stalin. Não
conseguia imaginá-lo morto. Ele era parte de mim mesmo e não compreendia como
poderíamos nos separar. Um torpor tomou conta de todos. Os homens já se haviam
habituado à ideia de que Stalin pensava por eles. Sem ele sentiam-se perdidos.” – Eugênio Evtuchenko em
“Autobiografia precoce”.
Vemos
que a declaração de Evtuchenko sobre o governo de Stalin é visivelmente
contraditória para um governo socialista. Mas, por qual razão? Afinal, por que
ele diz que “Os homens já se haviam habituado à ideia de que Stalin pensava por
eles”?
Cabe
então ressaltar que o regime stalinista fora marcado pelo sistemático
fortalecimento do Estado. Com uso da propaganda, aprovação de leis e a criação
de violentos organismos de repressão militar, Stálin fortaleceu a sua
autoridade na Rússia até alcançar uma onipotente condição de líder supremo. As
liberdades haviam sido tomadas em lugar de um regime visivelmente personalista.
Com isso, é possível reconhecer que a crise do socialismo soviético corresponde
à crise de um regime afastado daquilo que ele dizia representar; assim acredito
que seja a crise do PT.
Foto da página do Facebook de Magno Brito, 23 de setembro de
2020
Escrito por: JORGE CRUZ DOS SANTOS, ilhagrandense, formado em Matemática pela Universidade Federal do Piauí - Parnaíba, Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática - FAERPI.
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