VAMOS FALAR DE FEMINISMO
Caro
Leitor estamos finalizando mês de março, um mês que se comemora o dia
internacional da mulher, o dia em que recebemos homenagens, flores, chocolates,
joias, cafés da manhã entre outros presentes, mas você que é mulher já parou
pra pensar que essa data tem um significado muito maior? Devemos lembrar
8 de março como
um momento de reflexão e de luta, esse texto vale mais como um lembrete de que
lado nós precisamos estar para que tenhamos nossos anseios conquistados, e
sempre assegurar nossas conquistas.
E falar das nossas conquistas como mulheres é falar do
feminismo, mas primeiramente é preciso entender que o
feminismo tem várias vertentes, que surgem das demandas de grupos e que se
diferenciam pela necessidade, por que o ser mulher é plural, mas vale lembrar
que embora comendo em pratos diferentes, estamos todas sentadas na mesma mesa, a
dor de uma mulher deve ser a dor de todas, a conquista de uma mulher é uma
conquista de todas, ser mulher é algo que nos coloca na mesma luta.
Antes
de tudo vamos lembrar que nossa sociedade tem seu alicerce pautado no
patriarcado, onde a figura masculina é dominante, o homem além de ser o mais
importante dentro de uma família, é a figura principal dentro da sociedade, a
mulher sempre teve sua posição silenciada ou diminuída pela vida doméstica.
Muito
ouvimos falar das conquistas de mulheres nos espaços sociais, hoje estamos
presentes em espaços que muitas mulheres antes de nós jamais pensariam que
fosse possível, porém isso não nos assegurou muitos privilégios que os homens
sempre tiveram, enquanto as mulheres avançavam nas suas conquistas a sociedade
continuava com seu pensamento patriarcal, isso reflete em muito naquilo que nós
mulheres vivenciamos todos dias. O
desrespeito, salários desiguais, violência de gênero, silenciamentos. Nosso
país que tem índices altíssimos de feminicidio, por isso devemos questionar o 8
de março das flores.
Então
vamos lá, falando de feminismo vamos passar um pouco pela história desse
movimento tão importante para os direitos que, enquanto mulheres, usufruímos
hoje. Conceituando de forma pontual, o movimento feminista é um movimento
social, político e econômico que tem o objetivo de discutir e lutar por direitos das mulheres. O feminismo luta para
que as mulheres deixem de ser vítimas de diversas formas de opressão social
para levar à sociedade as estruturas mais justas.
O
movimento feminista teve seu início, ainda bem diferente do que é hoje, durante
o século XIX. Uma das maiores influências foi a Revolução Francesa e as
alterações sociais que começaram a acontecer nesta época. Partindo das mudanças
trazidas pela Revolução, as mulheres começaram a tomar consciência das
desigualdades a que eram submetidas e, pouco a pouco, começaram a questionar os
modelos sociais impostos; nascia o desejo de lutar pela diminuição da
desigualdade política e de direitos. Esse período ficou conhecido como a primeira onda do
feminismo.
Nessa
época surgiu o movimento sufragista, formado
principalmente por mulheres inglesas que desejavam garantir o direito da
participação feminina nas eleições. Emmeline Pankhurst foi um dos
grandes nomes do movimento sufragista, assim como a escritora Mary Wollstonecraft,
que também defendeu em seus livros o direito de voto das mulheres. No Brasil, a
primeira onda do feminismo também se manifestou mais publicamente por meio da
luta pelo voto.
As sufragistas brasileiras foram lideradas por
Bertha Lutz, bióloga, cientista de importância, que estudou no exterior e
voltou para o Brasil na década de 1910, iniciando a luta pelo voto. Foi uma das
fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que fez
campanha pública pelo voto, tendo inclusive levado, em 1927, um abaixo-assinado
ao Senado, pedindo a aprovação do Projeto de Lei, de autoria do Senador Juvenal
Larmartine, que dava o direito de voto às mulheres. Este direito foi
conquistado em 1932, quando foi promulgado o Novo Código Eleitoral Brasileiro.
Essa
é uma pequena introdução mais informativa sobre o feminismo, mas o foco da
nossa conversa é o interesse pelo tema, e quero deixar aqui alguns filmes que
podem ajudar bastante o conhecimento sobre o feminismo e muitas pautas
importantes: Malala, What Happened, Miss Simone?, Quatro meninas – Uma História Real (4 Little Girls), Clandestinas, Kbela, Frida, Sufragistas.
Dentro da história do feminismo muitas lutas foram
surgindo, mas exemplificar a luta do direito ao voto foi proposital, queria
aqui trazer uma questão importante, a participação feminina dentro da política.
As leis sempre foram feitas por homens, para os homens. Os direitos
conquistados pelas mulheres, são diariamente questionados, e ter mulheres na
politica que pensam uma sociedade igualitária para mulheres é o principal passo
para mudanças. No Brasil não há dúvidas
de que a presença feminina na política é pequena diante de sua enorme presença
na vida econômica e social do país, principalmente nos últimos anos. No eleitorado
nacional, as mulheres sequer alcançam 15% nos cargos eletivos do país. São
exatos 12,32% em 70 mil cargos eletivos, segundo o Mapa da Política de 2019,
elaborado pela Procuradoria da Mulher no Senado.
Pontuando algo que considero muito importante lembrar, é que o feminismo não é o oposto de
machismo, pois o machismo é uma construção social que promove e justifica atos
de agressão e opressão contra as mulheres. Sendo o principal objetivo do feminismo a construção de uma
sociedade que ofereça igualdade de condições entre os dois gêneros.
É por meio
do machismo que se naturalizam fatos
como “a mulher gosta de apanhar”, “foi estuprada porque provocou” ou até mesmo
“o jeito de uma mulher é que vai determinar se o homem tem o direito de agredi-la
a vida inteira ou não”, e é por esse machismo enraizado que por muita vezes
também é reproduzido por mulheres, que vemos a deslegitimação da luta das
mulheres, no contexto atual, onde temos um líder de estado eleito, com um
discurso marcadamente misógino e de uma violência sem tamanho contra mulheres,
é de se refletir o tamanho do problema que nós mulheres temos que enfrentar.
E nós precisamos
do feminismo, porque embora a Constituição preveja igualdade entre homens e
mulheres, a sociedade ainda não vê dessa forma, basta pensarmos no nosso dia a
dia, quantas situações vivenciamos que deixam isso claro, mostrar a importância
da luta pelos seus direitos é uma tarefa árdua, muitas vezes o machismo é
reproduzido por mulheres, informá-las é uma forma de combate a esse pensamento
estereotipado.
A intenção desse texto é fazer você refletir sobre ser mulher e nossas lutas, e sabendo a importância desse debate para nós mulheres o Carta Ilhagrandense tem a proposta de trazer mulheres para falar sobre essa temática, e eu gostaria de deixar aqui algumas propostas de leituras que somam o conhecimento acerca do feminismo, e a minha homenagem as mulheres sempre será o desejo de respeito, igualdade e segurança, e para todas as mulheres que sofrem ou sofreram algum tipo de violência, eu desejo justiça!
Escrito por: THALITA NASCIMENTO DE SOUZA, Licenciatura Plena em História, pela Universidade Estadual do Piauí.
às Mulheres.
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