FORMAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ILHA GRANDE
Diante da difusão do
protestantismo no mundo, diversas denominações se estabeleceram no Brasil, a
exemplo da congregação cristã no Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular,
Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil para Cristo e dentre outras a Assembleia
de Deus, tendo como fundadores os missionários suecos Daniel Berg e Gunnar
Vingren que chegaram ao Brasil no ano de 1910, especificamente em Belém do Pará,
tendo como seus primeiros fieis membros de uma igreja batista.
No ano de 1950 a cidade
de Ilha grande presenciou a realização do primeiro culto evangélico, dirigido
pelo diácono da igreja Presbiteriana Francisco Matos da Cidade de Parnaíba, o
culto foi realizado na frente da moradia do senhor Luiz Galeno. Aquela nova
forma de culto religioso, diferenciado do catolicismo romano, religião
predominante até então, causou revolta nos moradores daquele pequeno povoado,
tendo que suportar a rejeição que por diversas vezes chegava a culminar em
apedrejamento, porem “...eles não desistiram, porque sabiam que o Senhor estava
com eles, e em meio aquelas pedras Deus levantaria uma grande obra neste
lugar”. Sabe-se que a religião, por meio de seus elementos constitutivos, pode
gerar outros elementos que podem despertar esperança nas mudanças sociais e a
construção de uma nova ordem como ressalta Silva e Cereda (2010, p. 90):
[...] a visão mais
atual procura ajudar a comunidade em uma forma mais integradora para que a
mesma tenha condições de assumir o seu próprio desenvolvimento, desenvolvimento
que tem como centro a pessoa humana [...]
Dando continuidade ao processo de
evangelização, em 1966 os moradores Luiz Galeno e Francisco Justos do
nascimento converteram-se ao novo credo religioso, realizando assim a primeira
Escola Dominical (marco inicial da instalação do ministério da Assembleia de
Deus no povoado de Morros da Mariana) por meio da cooperação dos diáconos
Francisco Barbosa, Antônio Bezerra e Zacarias Cardoso. No mesmo ano a igreja
foi fundada oficialmente no dia 05 de outubro, tendo como presidente o senhor
José Pereira Neto autorizado pelo pastor da Sede da Assembleia de Deus em
Parnaíba. Com isso o trabalho de evangelização prosperou, principalmente com a
chegada do casal Francisco Fontinelle e Maria Fontinelle, trazendo uma nova
forma de pregação baseada no batismo com o Espirito Santo. Diante desta nova
forma de anunciar, divulgar e converter novos fieis, Cassiane Galeno foi a
primeira mulher a crer na mensagem do evangelho, aderindo a esta religião no
dia 20 de dezembro do mesmo ano, abraçando de tal forma a nova religião que a
fez ceder sua residência para funcionar como primeiro ponto de pregação.
Com o passar do tempo, a residência de
Cassiane tornou-se pequena para comportar os novos fieis, sendo necessário a
construção de um salão que também tornou-se pequeno para a quantidade de
congregados. Até que a moradora Conceição Santiago decidiu doar um terreno de
sua propriedade para construir o templo da Assembleia de Deus, autorizado pelo
senhor Job Napoleão Pessoa (Pastor da Assembleia de Deus em Parnaíba) sendo o
responsável pelo lançamento da pedra fundamental (ato simbólico de início da
construção dos templos) no dia 05 de outubro de 1976, contando com a presença
marcante de vários fiéis da igreja de Parnaíba. Em seguida a imagem mostra a
senhora Conceição Santiago, doadora do terreno para a construção do novo
templo em Ilha Grande.
pioneira da Assembleia de Deus
Fonte: Blog graus180[1]
Mesmo com a atitude de Conceição Santiago,
não foi fácil construir o templo, como ressalta Nascimento (2017, s.p):
Com muita dificuldade e esforço juntamente com o irmão José
Pereira Neto foi construído o templo para a glória de Deus. Depois da
construção, o irmão José Pereira Neto teve necessidade de voltar a congregar definitivamente
em Parnaíba no ano de 1980, deixando na direção do trabalho o irmão Das Chagas
Santos (popular Neguinho) que ficou por um período de 06 anos, sendo
substituído pelo pastor Expedito Davi, que assumiu a igreja na época como
evangelista em 01 de janeiro de 1987 com autorização do pastor João Bispo, que
na época pastoreava a Assembleia de Deus em Parnaíba.
Como percebe-se na citação anterior, há uma
mudança constante de dirigentes por determinações e convenções hierárquicas
características da Assembleia de Deus, com isso o Evangelista Expedito Davi, em
sua administração construiu a primeira casa pastoral localizada na Rua da
Glória próximo ao Templo da Assembleia de Deus, sendo concluído sua construção
em 11 de agosto de 1988.
Com o decorrer do tempo e o
aumento da quantidade de fieis no município, fez-se necessário a construção de
um templo que atendesse a demanda, foi então que Oséias Lima Fontes (pastor da
época) decidiu em concordância com os membros da igreja, por meio de votação e
registro em ata datada de 21 de maio de 2005, pela venda do antigo prédio para
a prefeitura municipal com o objetivo de adquirir um novo espaço para a
construção de um templo e de uma casa pastoral que atendesse as necessidades
dos usuários. Sendo assim, a igreja foi construía somando esforços coletivos
dos membros da igreja que doavam fundos financeiros e mão de obra, visto que o
dinheiro da venda do antigo templo foi insuficiente para a conclusão, que veio
a ser inaugurada no dia 09 de julho de 2011 sob a administração de Orlanilson
da Silva Castro, contando com a presença do Presidente das Assembleias de Deus
no estado do Piauí – Nestor Henrique Mesquita. Já a casa pastoral foi sendo
reformada aos poucos ao longo do tempo. Quanto a esta atitude CALDEIRA, 2008.
Aborda que “...por meio do trabalho, ajuda mutua, responsabilidade e
solidariedade contribuindo para o fortalecimento do desenvolvimento local.
As imagens abaixo
mostram dois pastores de grande contribuição na igreja Assembleia de Deus em
Ilha Grande, Oseias Lima Fontes foi o responsável pelo inicio da construção do
novo templo, e na gestão de Orlanilson da Silva Castro foi inaugurado.
Fonte: Blog 180 graus[2]
Diante da expansão do ministério da Assembleia de Deus
dentro da cidade de Ilha Grande, pela forma de administração dos dirigentes
anteriores que foram conquistando fiéis nos bairros do município, com isso
surge a necessidade de reformas e construções de novos templos que foi
acentuada na Administração de Carlos Augusto Santos Costa (Pastor no período de
13 de outubro de 2011 a 31 de dezembro de 2017) prestando relevantes trabalhos
nas construções dos tempos dos bairros Cal e Labino e reformando os prédios dos
bairros Tatus e Barro Vermelho. Também em sua gestão organizou o Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Assembleia de Deus em Ilha Grande, bem
como intensificou o trabalho de evangelização durante os seus seis anos de
administração pastoral. Segundo SILVA and CEREDA (2011, p.91) em seu artigo
contribuição da religião para o desenvolvimento local “historicamente a missão
da igreja tem sua missão condicionada a força carismática de seus pastores”.
Na busca de atingir novas metas dentro do trabalho de evangelismo, Carlos Augusto Santos Costa com uma visão diferenciada e aberta a novos desafios, em consonância com as propostas apresentadas a ele e a igreja por Késia Mesquita, uma das divulgadoras da Compassion no estado do Piauí, onde a mesma em um momento de culto religioso apresentou as metas e objetivos de um projeto que atenderia inicialmente crianças e adolescentes de 03 a 14 anos de cunho sócio emocional, espiritual, física e cognitiva. Em concordância com o pensamento de Martins (2005) o desenvolvimento local se dá através da participação e esta participação envolve primordialmente compromisso, não meramente a presença, mas o envolvimento dos atores com os problemas e a busca de soluções, com o sentimento de pertença, vivendo no meio do povo, se identificando com suas lutas e necessidades e com esses buscar caminhos alternativos de inserção na sociedade. Abraçando a proposta do projeto e com o desejo de proporcionar às crianças e adolescentes do município um trabalho que vai além da religiosidade, mas também que aliado a isso poderia proporcionar a oportunidade de trabalhar o ser humano em sua integridade, com vista a oportunizar aos participantes do projeto, uma visão de futuro que vai além da sua realidade social. Com esse propósito, o projeto teve início no ano de 2013 com o título de “Projeto Social Herança do Senhor”. Na imagem logo abaixo temos o pastor Carlos Augusto Santos Costa juntamente com sua esposa Joseila Santos Costa.
Fonte: Arquivo Pessoal
A igreja Evangélica
Assembleia de Deus tem grande importância na criação do dia dos Evangélicos da
cidade de Ilha Grande, pois foi sentindo a necessidade de representatividade
que, no ano de 2012, a referida igreja chega nas eleições contendo dois
candidatos para disputar vagas no legislativo municipal, na tentativa de que os
anseios do povo evangélico fossem reconhecidos e respeitados pelas autoridades
do poder executivo e legislativo, assim como os demais munícipes.
Na oportunidade lançaram-se
como candidatos o jovem Paulo da Silva Araujo (Paulinho Barata) pelo Partido Trabalhista
Cristão - PTC e a senhora Maria de Fatima de Oliveira Almeida (Fatima Manteiga)
pelo Partido Social Democrático - PSD. Ao findar as eleições Paulinho obteve 85
votos e a Senhora Fatima conseguindo ser eleita com 179 votos, o que marcava
ali um feito histórico para a Igreja Evangélica Assembleia de Deus, pela
primeira vez viera a conseguir eleger uma representante para a Câmara Municipal.
Carlos Augusto dos Santos
Costa era o Pastor presidente da Assembleia de Deus na oportunidade e um dos
principais incentivadores da ideia da criação do Dia dos Evangélicos, sendo
responsável inclusive em ajudar na preparação da minuta do Projeto de Lei.
Assim sendo, dia 01 de julho
de 2015 passou a vigorar a Lei de criação do Dia dos Evangélicos, com o
objetivo de registrar no calendário dos eventos anuais, e nas importantes datas
comemorativas do Município de Ilha Grande, ficou instituído o Dia dos
Evangélicos no dia 27 de janeiro de cada ano. Sem dúvidas foi uma conquista de
todos aqueles que se intitulam evangélicos, independente de denominação.
Depois da consolidação da
data, todos os anos no dia 27 de janeiro as Igrejas se unem para glorificar a
Deus por esse dia, mesmo diante das muitas dificuldades a data nunca deixou de
ser comemorada pelas Igrejas que sempre buscam recursos para que a cada ano o
evento seja melhorado e valorizado.
O dia dos Evangélicos representa sim uma conquista, mas é importante ressaltar que ainda é muito pouco diante de todo o reconhecimento que esta classe merece, por seus relevantes trabalhos prestados a sociedade, tanto em trabalhos sociais, educacionais e de reinserção de pessoas no meio social que antes eram desprezadas pela situação em que viviam. Assim os poderes que constituem a cidade de Ilha Grande precisam rever seus olhares para esse povo que, independente de qualquer coisa, são Ilhagrandenses detentores de direitos e deveres. Portanto o estado religioso de um indivíduo em hipótese alguma pode exclui-lo de ser beneficiado por uma política pública.
“EBENÉZER! -
Até aqui nos ajudou o Senhor!” 1 Samuel 7:12
Silas Silva Sales, Historiador ilhagrandense, INTA-FID.
Ilha Grande – PI, 27 de janeiro de 2021.
Carta Ilhagrandense.
Dos autores ao povo.
Feliz Dia do Evangélico.
REFERÊNCIAS
CASTILHO, M. A.; BERNARDI, C. J. A religiosidade como elemento do
desenvolvimento humano. Interações – Revista Internacional de Desenvolvimento Local, v. 17, p. 745-756, 2016.
COMPASSION. História da Compaixão Internacional. Disponível em https://www.com.child-development/meaning-of-compassion/. Acesso em 30/05/2019
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. Tradução Rogério Fernandes. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008 b.
Histórico da Assembleia de Deus de Ilha Grande. Disponível em:https://180graus.com/ilha-grande/historico-da-assembleia-de-deus-de-ilha-grande-508011. Acesso em:
21/04/2019
MATOS, Alderi Souza de. História da Reforma Protestante. Disponível em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/10/historia-da-reforma-protestante/ Acesso em:
10/04/2019
MATOS, Alderi Souza de. História do protestantismo
no Brasil. Disponível em: https://maniadehistoria.com/historia-do-protestantismo-no-brasil/. Acesso
em 10/04/2019
NASCIMENTO, Josué Pessoa. Histórico da Igreja evangélica
Assembleia de Deus. Disponível em: https://www.jornaldailhagrande.com.br/2017/07/ciquentenario-assembleia-de-deus-em.html. Acesso
em: 22/04/2019
SILVA FILHO, José Osmar da. Emancipação política do
município de Ilha Grande-PI: no contexto da redemocratização do Brasil a partir da constituição de
1988. Parnaíba: Universidade Estadual do Piauí, 2014.
SILVA, E.M. da; CEREDA, Marney Pascoli. Contribuição
da religião para com o desenvolvimento local: o caso da organização
"Dando as mãos". Interações (UCDB), v. 12, p. 89-99, 2011.
SOUSA, Rainer Gonçalves. A Reforma
Religiosa. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/a-reforma-religiosa.htm . Acesso
em 10/04/2019.
[1] Imagem 01: Visto por ultimo em 05/06/2019: https://180graus.com/ilha-grande/historico-da-assembleia-de-deus-de-ilha-grande-508011
[2] Imagem 02: Visto por ultimo em 05/06/2019: https://180graus.com/ilha-grande/historico-da-assembleia-de-deus-de-ilha-grande-508011
[3] Imagem 03: Visto por ultimo em 05/06/2019: https://180graus.com/ilha-grande/historico-da-assembleia-de-deus-de-ilha-grande-508011
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