quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Sobre campanhas anteriores, acordos e alianças. (Parte 3)

                        Conhecer o passado, para entender o presente e antecipar o futuro. Vamos para mais um dos textos sobre as campanhas anteriores para o Executivo de Ilha Grande no intuito de encontrar a relação entre as eleições dos anos 2012, 2016 e 2020. Sugiro a leitura dos textos anteriores para entender que estou apresentando os candidatos que concorreram 8 ano atrás. Hoje vamos falar de Doutor Hélio, a peça fundamental para entender a análise que faço.

DOUTRO HÉLIO O MÉDICO AMIGO

Voz de Ilha Grande - Campanha eleitoral 2012, ao centro vemos doutor Hélio.


                José Hélio de Carvalho Oliveira ou Doutor Hélio é médico formado pela Universidade Federal do Piauí e Especialista em Anestesiologia pela Santa Casa de Santos (SP); nasceu em Canto do Buriti em 21/06/1960. Em 2012, quando concorreu para prefeito em Ilha grande, Doutor Hélio já era 1º suplente do deputado estadual Evaldo Gomes e já tinha concorrido anteriormente a cargos no legislativo municipal de Parnaíba. Ao prestar serviço como médico, agrega parte dos pacientes para serem integrantes de um exercício militante de suas causas, direta ou indiretamente, para montar suas bases e assim abrir espaços para seus planos políticos (mais a frente mostrei que isso é tática muito comum na politica). Quando a tentativa de abocanhar a prefeitura de Ilha grande em 2012 deu errado, Hélio tinha como vice o então vereador Doutor, sendo assim nossa cidade quase foi governada por dois doutores (políticos) ao mesmo tempo. É importante saber que na época Doutor Hélio foi candidato pelo PSD 55, que hoje é representado por Edmar e o já mencionado, Alex Alves. Se enganou aquele que pensou que Hélio desistiria da vida política após as derrotas que vinha sofrendo. Na verdade, mal deu tempo de sacudir a poeira e ele já estava pronto para concorrer para Deputado Estadual em 2014.


 

                    Em 28 de junho 2014, o Blog do B.Silva lança a seguinte matéria: PTC vai homologar nesta segunda candidaturas de Ricardo Véras e Doutor Hélio ( https://blogdobsilva.com.br/2014/06/ptc-vai-homologar-nesta-segunda/ ) e no meio do que o autor da reportagem escreveu tem esse comentário feito pelo médico: “É necessário que nós, os candidatos, tenhamos a condição de convencer o eleitor parnaibano de que temos a capacidade de bem representá-lo, com muito mais compromisso do que qualquer outro que venha de outras regiões trocar votos por favores”. Enfim, com esse discurso, foi eleito. E boa parte dos votos e da torcida, já nessa primeira vez, foram de Ilha Grande. A vitória de Dr.H. em 2014 é de fundamental importância para a compreensão do cenário político de Ilha Grande em 2020.


Tradução: O Efeito Borboleta


                   Descoberto em 1960, pelo matemático Edward Lorenz e tido como um dos principais resultados obtidos a partir da Teoria do Caos, o Efeito Borboleta nada mais é que a análise de como pequenas alterações nas condições iniciais de grandes sistemas, podem gerar transformações drásticas e significativas nestes. A análise de cada pequena ação faz criarmos infinitas situações que poderiam ter acontecido se a combinação dessas ações fosse diferente.

Para Ilha Grande, que estava acostumada com nomes carimbados de 4 em 4 anos, era de se esperar um novo embate entre Herbert Silva e Doutor Hélio na campanha de 2016, porém ao conseguir o salário e as regalias de um deputado estadual em 2015, era fácil de imaginar que o novíssimo deputado deixasse a Ilha para os mortais ilhagrandenses. Porém, o Blog Voz de Ilha Grande, já em maio de 2015 chama atenção com seguinte matéria:





                    Hélio não era mais oposição, agora era apoio. Com o segundo colocado da campanha anterior fora do pareô, o natural seria que o terceiro lugar assumisse a posição para ser a principal oposição em 2016, neste caso o PT com Magno Brito tinha sua chance de brilhar, mas não foi isso que acabou acontecendo. Dr. Hélio, fez sinal positivo e indicou o vereador de dois mandatos pelo PT, Edmar O Sargento como vice para a chapa de Herbert, os dois (Hélio e Edmar), há pouco tempo, haviam se filiado ao PR (atual PL) que em Ilha Grande ainda era presidido por Alex Alves.


Comício eleições 2016, em 29 de setembro.
https://www.vejaphb.com.br/2016/09/herbert-silva-realiza-grande-comicio-em.html 


                Ao se firmar um acordo deseja-se ser beneficiado sempre, igual ou superior às outras partes envolvidas, seja no presente ou em objetivos futuros. Ao estender a mão para Herbert, Hélio esperava retorno, e se fixou: Hélio apoia Herbert em 2016 e Herbert apoia Hélio ou qualquer indicação deste em 2020.

 Ao unir dois grupos de tamanhos tão extensos, como os de Herbert e Hélio, no mando de uma cidade tão pequena, foi impossível não desapontar parceiros, tanto de uma, como da outra equipe; seja por ressentimentos contra Herbert por parte dos apoiadores de Edmar e/ou Hélio ou em casos contrários. Ou seja, por incompatibilidade entre a quantidade de vagas e seus requerentes novos e antigos, a fusão de grupos fica comprometida; daí, haverá um redirecionamento do eleitorado que deixou de fazer parte do grupo. Se houver aprovação popular do terceiro ou quarto colocado, para estes, será simples conquistar esses votos, mas no caso contrário, quando os demais candidatos existentes não conseguem absorver esses eleitores, surgirá vaga para um novo candidato. Em Ilha Grande surgiu Marina Brito, mas a chapa Herbert Silva prefeito e Edmar vice, ganham de Marina e prof. Camilo Aguiar apoiados por Magno Brito, por 656 votos na campanha de 2016.

Comício campanha 2018



                        Em 2018, Hélio fez campanha para reeleição e como já citei, não mais pelo PTC 36 e sim pelo PR 22, o número era 22333. O Grupo de Edmar e Alex se esforçou bastante para que Ilha Grande mostrasse que reconhecia os benefícios de ter um deputado estadual que abraçava a causa. Como o próprio Hélio não faria questão de ser o próximo candidato em 2020 caso se reelegesse, havia certa esperança de que ele indicasse um ilhagrandense do seu grupo; para isso o médico tinha Edmar, que estava e está até 31 de dezembro com mandato de vice, e os vereadores que se elegeram em seu partido: vereador Frank, vereadora Arady e vereadora Cristiane.

                    Em discurso durante a campanha de reeleição do Deputado Hélio, o Vice Prefeito Edmar explica sua visão e diz: “ o Dr. Hélio trabalha como ser humano, não como politico. Ele ultrapassa as barreiras do partidarismo e tem desempenhado um belo trabalho em todo o Piauí”. Por ter apoiado Herbert, além do vice, Hélio também pôde indicar pessoas para administrarem a secretaria de saúde da cidade, e o nome Bernadete Leal fazia suas primeiras tímidas aparições, mas naquele ano ainda não era o foco para a campanha que viria 2 anos depois.


O vice-prefeito de Ilha Grande, Edmar, também agradeceu o empenho e dedicação de Hélio junto ao município. Segundo ele, a cidade tem recebido importantes emendas que estão sendo aplicadas em importantes áreas do serviço público. “O Dr. Hélio trabalha como ser humano, não como politico. Ele ultrapassa as barreiras do partidarismo e tem desempenhado um belo trabalho em todo o Piauí” destaca.


A Secretária de Saúde do município de Ilha Grande do Piauí, Bernadete Leal também elogiou as ações do parlamentar. “A Ilha Grande do Piauí só tem a agradecer ao deputado pelo importante apoio na saúde e obras em nosso município. Graças ao Dr. Hélio temos conseguindo manter obras importantes e esperamos que ele continue com este trabalho” destacou.

https://www.folhadeparnaiba.com.br/2018/09/dr-helio-participa-de-caminhadas-e.html

            Os esforços valeram a pena. Dr. Hélio teve a melhor votação para deputado estadual na cidade e dos ilhagrandeses arrancou 2.037 votos. 

 

https://especiais.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/resultados/municipios-piaui/ilha-grande-pi/deputado-estadual/

 

 

 

                        Talvez esse resultado tenha dado a sensação de que os munícipes estariam do lado do médico em qualquer situação, e após a vitória, com o poder nas mãos, Hélio soprou para longe as esperanças dos políticos de Ilha Grande ao indicar a secretária de saúde como pré-candidata a prefeita. 6 meses após ser reeleito, as mídias já divulgavam o plano, e no decorrer do ano de 2019 tudo se confirmou.

Na Ilha Grande Dr. Hélio poderá indicar nome para suceder Herbert Silva

Bernardo em 21 de março de 2019 em Cidade



Sucessão 2020: Na Ilha Grande do Piauí a oposição ao prefeito Herbert Silva também se movimenta, através de Marina Brito. É um canto meio solitário.

Como Herbert não pode ser mais candidato, porque está na reeleição, fala-se que alguns vereadores da base sonham em ser indicados pelo atual prefeito à sua sucessão. Mas, segundo o desenho que está feito, tudo indica que a candidata será indicação do deputado Dr. Hélio. Seria a enfermeira Bernardeth, secretária de saúde daquele município. Ao Herbert caberia indicar o vice. É esperar pra ver.

Fonte: Opiolho.com.br


http://portalfsantos.blogspot.com/2019/09/politica-em-ilha-grandepre-candidata.html









 

https://www.tribunadeparnaiba.com/2020/08/drhelio-sera-candidato-de-wdias

                    Hoje doutor Hélio, o segundo colocado da campanha para prefeito de Ilha Grande em 2012, faz parte do bloco que tem apoio do governador Wellington Dias, e se afastou de seu posto como deputado para concorrer como oposição ao atual prefeito de Parnaíba, Mão Santa. Lembra quando fiz referência da tendência de médicos usarem sua profissão para concorrer a cargos políticos? Mão Santa ganhou fama, principalmente, por ter essa mesma condição, mas cada um com seus botões.

 

                Doutor Hélio pode ser apontado como causador das três campanhas de 2020: Marina como reação da fusão entre Herbert e Hélio em 2016, e Bernadete e Edmar como resultado da fissão do médico e seus correligionários ilhagrandenses (Alex, Edmar, Frank). Finalizo mostrando que Doutor Hélio é o pivô de um grupo formado com três dos quatro candidatos de 2012 que apoiam a candidatura de Bernadete Leal em 2020.




Ilha Grande - PI, 29 de outubro de 2020
Carta Ilhagrandense
 
Dos autores 
Aos eleitores.



 







domingo, 25 de outubro de 2020

Sobre campanhas anteriores, acordos e alianças. (Parte 2)




                   A fim de compreender a campanha eleitoral de 2020 ao executivo municipal, estamos fazendo uma linha do tempo e uma análise da condição dos candidatos que concorreram à essa vaga em 2012. Começamos com Alex Alves no texto passado e hoje falaremos do terceiro colocado de 8 anos atrás.

MAGNO BRITO HOMEM DE FAMÍLIA


 

Propaganda candidatura Magno Brito-2012

            Impossibilitada de concorrer à reeleição, devido aos inúmeros inconvenientes em sua gestão, Joana D’arc Ribeiro Machado, primeira dama nos dois primeiros pleitos e prefeita de 2009 à 2012, via-se sem rumo no seu último ano de mandato; para Herbert e Hélio, aceitar apoio da gestão daquele ano era ir de encontro às suas principais bases políticas, já que a promessa era de mudança. Então, para não ficar totalmente de fora, o grupo da prefeitura (2009/2012) apoiou o PT e indicou o professor Ismael, na época secretário de educação, como vice. A tentativa rendeu uma expressão de votos relativamente maior do que o partido tem na cidade, porém, não foi suficiente para derrubar o fantasma do terceiro lugar. Espero que você tenha lido os textos sobre a emancipação política para entender que, desde o início, o PT teve papel importante para a luta pela emancipação, porém não soube trabalhar a personificação do partido, nem convencer os eleitores.

http://www.jornaldaparnaiba.com/2012/08/prefeitura-de-ilha-grande-podera-ter.html

 

            Magno, nascido em 15 de novembro de 1962, aos 32 anos, fez parte do movimento que culminou na emancipação de Ilha Grande (no grupo também estavam padre Pedro Quiriti, Paulo Rogério, Henrique Sertão, vários dos primeiros vereadores e outros munícipes). Mas com 26 anos de campanhas municipais o Partido dos Trabalhadores parece “flutuar” entre segundo e terceiro plano na política ilhagrandense. Foi oposição nas duas primeiras campanhas em que Sertão foi eleito (1996 e 2000) e foi vice prefeito na gestão Paulo Rogério (2004), apoiado por Joana (2012) e apoiador na primeira campanha de Marina Brito (2016). Voltarei a falar em Marina.

Jornal da Ilha Grande – julho de 2016.

https://www.jornaldailhagrande.com.br/2016/07/noticia-urgentevereador-angelo-rodrigo.html

 

                    Para que o leitor entenda, a política é semelhante a um jogo de cartas, onde a jogada perfeita é ter presidente, senador, deputado federal, deputado estadual, governador, prefeito e vereador, todos de um mesmo partido ou de acordos bem firmados. Quase nunca essa combinação acontece, no entanto o combo: presidente + governador com mandatos combinados, é muito favorável a um líder de partido em uma cidade, mesmo não sendo o gestor. Foi o que aconteceu com o Partido dos Trabalhadores entre 2003 e 2010. De 2005 à 2008, Magno foi vice prefeito em Ilha Grande e mesmo não tendo uma grande participação na gestão municipal, para os companheiros petistas, foram bons anos com o trio: presidente Lula, governador Wellington Dias, vice-prefeito Magno Brito. Atualmente a situação continua favorável, pelo menos para a cúpula do partido, pois desde 2015 Wellington Dias retornou à cadeira de governador do Piauí, o que mantém o grupo próximo da atual gestão Herbert Silva e do deputado estadual Doutor Hélio.

Foto da página do Facebook de Magno Brito


                Em Julho desse ano (2020), Magno iniciou uma tímida campanha populista. Direcionando seus esforços às redes sociais, salpicou informações sobre si e sobre a luta dentro dos movimentos políticos. Nomeou-se “líder do movimento de emancipação”, intitulou-se “empreendedor e gerador de emprego e renda”, responsabilizou-se pelo advento da tecnologia de internet em Ilha Grande e se qualificou como “honesto e trabalhador”.  A Empresa do ramo de tecnologia que ele faz referência, é a NETWORK, empresa provedora de internet com sede na Avenida Martins Ribeiro que sua família é dona e que, além de vender internet para maioria das casas particulares em Ilha Grande e cidades vizinhas, tem contratos com a prefeitura municipal e o governo do estado, sendo uma das maiores, quiçá a maior empresa ilhagrandense.

                Ainda em julho, Magno é confrontado com o boato de possível apoio à candidatura de Bernadete Leal, a condição para isso era ele ocupar a cadeira de vice, porém, o grupo MDB, coordenado/presidido pelo ex-vereador Meu Santo, braço direito de Herbert e candidato a vice de Bernadete, rejeitou a proposta.  Em nota oficial magno responde:



            Enfim, no último dia 13 de setembro, durante a convenção municipal do PT, o partido declara seu apoio a chapa de Bernadete Leal. Mais uma vez o 13 é colocado como apoio. Não é mentira que a onda conservadora vem minguando as candidaturas de partidos como o PT pelo país, mas em Ilha Grande ascensão ainda nem tinha acontecido.   Para explicar porque isso acontece quero leia a reportagem a baixo: 

 

O apego dos petistas a cargos prejudica Wellington Dias

Bernardo em 20 de dezembro de 2013 em Diversos 0 comentários

 Por:Dom Severino

O
comportamento do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado do Piauí, na
defesa da permanência de cargos no governo do estado chega a ser
ridículo e depõe contra a imagem de um partido que já perdeu a honra e
perdeu também a compostura, ao abandonar princípios éticos e morais, em
nome da governabilidade e de um projeto de poder. Hoje o PT é apenas uma
caricatura daquilo que foi no passado. Imagine você, que hoje, o PT
piauiense na maior sem cerimônia defende uma coligação com o seu
arquiinimigo, o PSDB. Deu à louca nos petistas.

O
secretário das cidades do governo do estado do Piauí, Merlong Solano,
para justificar o injustificável, disse ao repórter do Portalaz, Luciano
Coelho que o seu partido não tem apego ao poder. Imaginem se tivesse!
  

O
governador Wilson Martins (PSB), de maneira inteligente vem sugerindo
ao PT que entregue os cargos que tem no seu governo, para evitar
constrangimentos e desgaste ao próprio governador, que tem autoridade
para mandar para casa, o secretário que não lhe interessa mais.

O
PT com essa sua atitude, procura ganhar tempo, mantendo no governo os
secretários da sua cota, o que por sua vez garante a permanência de
alguns petistas com mandatos na Assembléia Legislativa e na Câmara
Federal.

O
PT no governo se ganha por um lado, perde por outro, pois ocorre que os
petistas no governo não tem moral e independência para criticar Wilson
Martins.

Com
isso ganha o governo, que aposta e investe no desgaste dos petistas –
que aferrados ao poder, comprometem o discurso de Wellington Dias, no
presente e no futuro
.

                Assim como o repórter cita em 2013, peço que você relembre de situações semelhantes vividas pelo PT em nível nacional, estadual e municipal: Dilma e Temer, o mais recente Wellington Dias e Ciro Nogueira, Paulo Rogério e Magno, Magno e Joana, Marina e Magno. Deixo claro que acordos assim, que se dissolvem deixando um dos lados em prejuízo, não são particularidades petistas, muito menos petista ilhagrandense, porém ao vislumbrar desfavorecimento do partido em detrimento de um subgrupo do mesmo, há de se reajustar os objetivos, realinhando e adaptando o grupo geral para que seja possível um renovação; ao invés de manter a concentração de poder (liderança) sob julgo de poucos e cansados membros.

                    O atual vice prefeito é fruto de um desligamento do PT, Edmar foi vereador pelo Partido dos Trabalhadores por 8 anos e ao tentar encabeçar a candidatura, foi barrado internamente pelo grupo. Assim como Edmar, outros correligionários abandonaram a canoa petista ao se sentirem podados dentro do partido nesses últimos 26 anos. De fato, conhecendo a formação do PT e um pouco da história da Revolução Russa, conseguimos fazer uma comparação entre a queda do Muro de Berlim em 1989 que significou ou esfarelamento da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e o enfraquecimento do Partido dos Trabalhadores na atualidade ilhagrandense, no que diz respeito ao fortalecimento de um líder ou subgrupo do partido ao invés do enfraquecimento do Estado e da politica conservadora para o alcance dos ideais comuns.

                    Ao falar sobre a Revolução Russa, é comum notarmos que muitos se questionam sobre a crise do bloco socialista. A famosa queda do Muro de Berlim representa a falência de um sistema que não conseguiu empreender as diretrizes que rivalizaram com o capitalismo após a Segunda Guerra Mundial. Tomando esse quadro de conhecimento como referência, é possível debater os destinos da Rússia após o sucesso da Revolução de 1917.

Vladmir Ilyich Ulianov (Lênin) e Josef Stálin


                Conforme sabido, o governo russo tomou suas primeiras ações transformadoras no breve tempo em que Vladmir Lênin esteve à frente do país. Empreendendo a criação da NEP, a União Soviética deu seus primeiros sinais de recuperação após anos de miséria e conflitos. Contudo, em 1923, a administração de Lênin chegou ao fim com a morte do líder. Dessa forma, Josef Stálin chegou ao poder com o expresso apoio político daqueles que abraçaram o chamado “socialismo em um só país”. Nesse momento é necessário questionar se a política de Josef Stálin esteve, de fato, comprometida com o fortalecimento do socialismo russo e o que essa ação deixou de herança para o regime político.

                    Assim como o PT, que está sob as ordens de um único líder a quase 3 décadas, 30 anos se passaram com a União Soviética sobre o mando Stalinista. Em 1953, Josef Stálin morre e sobre o acontecimento, o escritor Eugênio Evtuchenko faz a seguinte declaração:

"Inesperadamente, um acontecimento abalou toda a Rússia. Em 5 de março de 1953, morreu Stalin. Não conseguia imaginá-lo morto. Ele era parte de mim mesmo e não compreendia como poderíamos nos separar. Um torpor tomou conta de todos. Os homens já se haviam habituado à ideia de que Stalin pensava por eles. Sem ele sentiam-se perdidos.” – Eugênio Evtuchenko em “Autobiografia precoce”.

                Vemos que a declaração de Evtuchenko sobre o governo de Stalin é visivelmente contraditória para um governo socialista. Mas, por qual razão? Afinal, por que ele diz que “Os homens já se haviam habituado à ideia de que Stalin pensava por eles”?

                Cabe então ressaltar que o regime stalinista fora marcado pelo sistemático fortalecimento do Estado. Com uso da propaganda, aprovação de leis e a criação de violentos organismos de repressão militar, Stálin fortaleceu a sua autoridade na Rússia até alcançar uma onipotente condição de líder supremo. As liberdades haviam sido tomadas em lugar de um regime visivelmente personalista. Com isso, é possível reconhecer que a crise do socialismo soviético corresponde à crise de um regime afastado daquilo que ele dizia representar; assim acredito que seja a crise do PT.

Foto da página do Facebook de Magno Brito, 23 de setembro de 2020


 
                Portanto, encontramos em 2020, Magno Brito, apoiando o grupo da atual gestão na tentativa de continuidade do acordo entre seus dois oponentes de 2012, representada pela candidatura de Bernadete Leal.

Escrito por: JORGE CRUZ DOS SANTOS, ilhagrandense, formado em Matemática pela Universidade Federal do Piauí - Parnaíba, Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática - FAERPI. 


Ilha Grande - PI, 25 de outubro de 2020
Carta Ilhagrandense
 
Dos autores 
Aos eleitores.
Uni-vos!




quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Sobre campanhas anteriores, acordos e alianças. (Parte 1)

 


                Ilha Grande teve, em 26 anos emancipada, somente 4 prefeitos; isso torna tudo mais simples de entender. Na primeira campanha disputaram 5 candidatos e de lá pra cá os primeiros grupos e líderes foram se fundindo aos novos, fazendo alianças, mantendo-se sempre presentes. Então o que pretendo é desfazer os nós ou pelo menos deixar alguns fatos mais claros e acessíveis, para que em um futuro possamos conhecer bem e evitar repetir os mesmos erros.

Resultado das eleições para prefeito em Ilha Grande, 2012.


              Para chegar até 2020 vou começar em 2012. Neste ano Herbert Silva ganhou a disputa pela primeira vez após duas tentativas. A família Silva, segundo o historiador Daniel Braga (2013), em sua monografia “Catadores de Caranguejo do delta: história e memória (1960-2010)”, “os Silvas” são uma família que ainda detêm maior parte da concentração de terras em Ilha Grande do Piauí, e que por muitos anos essas terras “serviram como curral das fazendas de gado dessa família tradicional e de renome, que durante décadas esteve presente no cenário político local. Eram pessoas de vida pública, ou seja, envolvidas com a política local e nacional. Nomes como Alberto Tavares Silva, João Tavares da Silva e muitos outros parentes, eram figuras cativas nas cadeiras do legislativo e executivo do Piauí” (BRAGA, 2013,37). Voltaremos a falar em Herbert Silva.

                8 anos atrás, quando Herbert disputou a campanha contra Doutor Hélio, Magno Brito e Alex Alves, foi um marco importante para entender o atual momento político da cidade. Então, em ordem crescente de números de votos, vou apresentar os 4 cavalheiros que disputaram a campanha em 2012 e tentar localizá-los no cenário de 2020.


ALEX ALVES ADOTADO POR ILHA GRANDE




Cartaz de propaganda de Bento Alves. 

                O pai de Alex, Bento Alves, chegou em Ilha Grande e começou fazer parte das figuras políticas 17 anos atrás; concorreu a uma vaga do legislativo com o número 12.000 no ano de 2004. Mesmo não tendo sido eleito, mas fazendo parte do partido de Paulo Rogério, que ganhou aquele ano, manteve-se na política da cidade e com paciência montou um grupo.

Blog Voz de Ilha Grande
http://vozdeilhagrande.blogspot.com/2012/09/ultimas-manifestacoes-eleicoes-2012.html  

                Em 2012 pai e filho ousam concorrer a vaga do executivo municipal quase sozinhos; Alex como candidato a prefeito e Bento Alves como vice. O resultado: 22 ilhagrandenses depositaram sua confiança no mais jovem dos candidatos ao executivo; “o 22 tirou 22 votos”, foi o que falaram após a abertura das urnas. 

                Distante de grandes comícios com carro de som e palanque, Alex Alves tinha feito campanha distinta dos demais, e ao invés de listas de promessas, dava aula aos poucos que paravam para assistir à apresentação de suas propostas. Com um projetor de imagem e uma tela branca, ele reinventou o modelo onde o candidato se apresentava para um multidão em meio a gritos, algazarra, fogos de artificio e bandeiradas da plateia; o famoso populismo.

                A tentativa não parecia ser de grande notoriedade. O filosofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel diz: “os homens, buscando atingir seus interesses próprios, vão superando e suprimindo as suas necessidades imediatas. Mas o fim de cada ação particular contem também um objetivo geral e quando uma ação particular se une à outra, partindo de cada indivíduo, as ações criam condições para toda realização e transformação necessárias em cada época”. Como se cada ação fizesse parte de um conjunto de experiências que, ao completar quantidade suficiente, culminasse em uma mudança mais, digamos, concreta. Nesse sentido, mesmo tento o pior desempenho entre as candidaturas ao executivo desde a primeira eleição da cidade, Alex aparecerá de novo e de novo nas campanhas seguintes, assim como nas duas anteriores, não como candidato, mas sempre como marqueteiro de campanha. Logo em 2016 estará líder do partido que, com ajuda de Dr. Hélio, indicou o atual vice-prefeito Edmar Pereira (o sargento) na reeleição de Herbert Silva. Trataremos de Edmar mais à frente.



                Alex participou da organização da campanha de Paulo Rogério em 2004 ao lado de seu pai e mentor. E antes de se tornar um conhecido dos políticos ilhagrandenses, em 2006, com 21 anos de idade, concorreu a uma vaga de deputado distrital em Brasília. E em 2008 também estava presente na campanha de Ilha Grande, porém contra Paulo, ajudando a família Sertão. Em 2012 foi quando concorreu a vaga junto com o pai; em 2016 articulou aliança MDB/PR e foram vitoriosos aquele ano; foi nomeado pela Portaria 023/2017 Chefe da Divisão de Agricultura e Pecuária, lotado na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Meio Ambiente, Pesca e Agricultura. Mas não está mais no cargo. E atualmente é presidente do PSD 55; partido pelo qual o atual vice-prefeito é candidato juntamente com Bento Alves como vice.

          WordPress é um sistema livre e aberto de gestão de conteúdo para internet, voltado principalmente para a criação de páginas eletrônicas e blogs online, em 2012 Alex começou colocar informações sobre si no site, sua página está intitulada “adotado por Ilha Grande”.  Leia, pelas próprias palavras de Alex, sobre a sua relação com a cidade de Ilha Grande do Piauí.


https://alexlauriano.wordpress.com/


Por que Ilha Grande-PI?

 

Alex Alves sempre gostou muito de viajar, mas com o amadurecimento, passou a observar os municípios não como turista, mas como especulador de oportunidades.

Poderia ser São João dos Patos-MA, Luis Correia-PI, Alcobaça-BA, Barueri-SP, enfim. As coincidências acabaram direcionando para o Estado do Piauí, devido aos desafios e às limitações.  Mesmo sabendo que o Piauí ocupava as últimas posições nos rankings de gestão, desenvolvimento e consolidado como o pior local para investir, reagiu contrário aos dados e após convite oportuno decidiu que sua estada em longo prazo seria na Ilha Grande-PI.

Um ilha que, como já diz seu belo hino, é “Terra encantada pela natureza, Beija o rio, abraça o mar. És cenário de rara beleza”. Cidade do Portal do Delta, por sinal o terceiro maior delta oceânico, tem intactos valores e nítida capacidade de desenvolvimento. Potencial indústria do turismo é reconhecida por suas rendeiras e extração do caranguejo. Por mais precária que esteja a conjuntura atual merece ser visitada.

Por acreditar em seu conhecimento e que sua intuição não está errada insiste que é possível um município melhor. O povo, que já sofre muito com o descaso, que não vive com a devida dignidade, mas que sobrevive imbuído numa preocupante fragilidade psicológica, transforme todo a descrença que vive em esperança e fé. Sempre haverá dificuldades, mas há solução para tudo.

Sensibilizado com os problemas locais sempre tentou ajudar o município no seu crescimento. Participando de audiências públicas, fiscalizando, acompanhando a produção legislativa municipal, propondo projetos e propostas de melhorias e incentivando sempre a criação de grupos de pressão para fortalecer a democracia e a participação nas tomadas de decisão. Distribuiu centenas de cartilhas de combate a corrupção e sempre articulou diálogos direcionados para a participação política e social. Isso sem contar os grandes eventos realizados como a Comemoração dos 20 anos da Constituição e a comemoração do Dia do Deficiente Físico, no qual percorreu 2 km em uma cadeira de rodas, sentindo as dificuldades enfrentadas por um cadeirante nas ruas do centro da cidade, e já não bastasse ter uma necessidade motora era também um mudo com problemas para pedir ajuda aos cidadãos para que pudesse se locomover pelas calçadas.

É fato que suas ações necessitam de mais energia e mais pró-atividade. É para isso que está a cada dia se informando e conhecendo mais para adquirir melhor polimento para representar e lutar pelos anseios da sociedade.

capa do livro Os Estabelecidos e os Outsiders

                Afim de justificar a não concorrência de Alex nas campanhas, mas a permanência no jogo político, sugiro o livro “Os estabelecidos e os outsiders” de Norbert Elias e John Scotson, que faz uma análise do comportamento das pessoas de uma certa cidade da Inglaterra. Lá, os autores identificam dois grupos, a saber: os Estabelecidos e os Outsiders. O primeiro grupo era constituído por pessoas que moravam na cidade a mais tempo e que tinham relações familiares mais estreitas; enquanto o segundo grupo era formado por recém chegados. Sem ter qualquer outra diferença, o primeiro grupo se proclamava melhor que o segundo, somente pelo fato de estar naquele lugar a mais tempo, criando um atmosfera preconceituosa e de afastamento. Mas o estudo não se contenta em observar somente essa relação de poder entre os cidadãos antigos e os novos, podendo ser alinhado em toda relação do tipo. Assim, sempre poderemos encontrar essa divisão, internas aos grupos, dos que exercem poder e os que sofrem o poder. Deixo como exemplo e dica o texto ESTABELECIDOS E OUTSIDERS: TRAÇANDO UM PARALELO COM A INCLUSÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA NA ESCOLA, da Revista Conexões. file:///E:/Downloads/8638142-Texto%20do%20artigo-8219-1-10-20150703.pdf

                Política é representatividade. Desta máxima deriva a necessidade de todo candidato proclamar, declarar, anunciar, apregoar, divulgar, bradar, aclamar, exaltar e consagrar pertencimento ao lugar que deseja concorrer a cargo político.  Daí pode-se observar frases como: “17 anos de Ilha Grande”, “3 anos e 6 meses como secretaria de saúde de Ilha Grande”, “Eu conheço a realidade de Ilha Grande”, “Alguém que realmente tem ligação com Ilha Grande”. Todas elas são da campanha desse ano, mas nenhuma é de Alex.

                A manutenção do nome entre os candidatos, é fundamental para quem almeja chegar ao cargo máximo do executivo municipal, pois ter nome reconhecido faz parte das estratégias de quem um dia deseja ser eleito. Quem deixa o nome apagado prefere manter-se por traz da cortina e organizar toda ou uma parte da apresentação teatral.


                Sendo assim, localizamos Alex Alves, o quarto colocado de 2012, apoiando a candidatura de Edmar em 2020.

Escrito por: JORGE CRUZ DOS SANTOS, ilhagrandense, formado em Matemática pela Universidade Federal do Piauí - Parnaíba, Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática - FAERPI. 


Ilha Grande - PI, 22 de outubro de 2020
Carta Ilhagrandense
 
Dos autores 
Aos eleitores.













terça-feira, 20 de outubro de 2020

Os eleitores ilhagrandenses.

 

EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR ESSE ANO?


Capa do livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel.

 

 Nicolau Maquiavel foi um filósofo, historiador, poeta, diplomata e músico de origem florentina do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são, e não como deveriam ser, a ele cabe a seguinte frase Os homens são tão pouco argutos, e se inclinam de tal modo às necessidades imediatas, que quem quiser enganá-los encontrará sempre quem se deixe enganar.” A palavra “arguto” quer dizer uma pessoa capaz de perceber rapidamente as coisas sutis. Isso quer dizer que Maquiavel menosprezava o conhecimento dos homens? Não. Maquiavel criticava a ingenuidade do ser humano, que na busca pela sobrevivência, se esforça pelas suas ambições com tanta vontade que não para pra refletir sobre o que os rodeia na maioria das vezes. 

Quando Maquiavel escreveu, ele sabia que nem todo mundo acreditaria ou concordaria com sua forma de pensar, mas pelo fato de ser pioneiro ao abordar os assuntos, ficou famoso e serviu de exemplo para muitos autores. O que quero, é escrever a história política em relação ao Poder Executivo de Ilha Grande até este momento, o que de fato não é tão complicado, devido aos personagens serem poucos e pelo fato de ser uma cidade jovem. Além disso, o forte partidarismo dos principais blogs ilhagrandenses e de cidades vizinhas deixa um rastro de notícias que me ajuda a encaixar algumas peças.  Sei que vou errar em alguns pontos e acertar em outros e nos dois casos encontrarei pessoas que concordarão e outras que terão versões diferentes dos fatos que vou narrar; é isso que eu quero. Mesmo sabendo que a maioria das pessoas que me criticarão, vão apenas ler a parte que lhe cabe ou que lhe contesta, pulando exatamente o início e perdendo esse ponto, onde quero convidar todos os interessados a participarem da construção dessa história, discutindo os temas colocados aqui, mostrando outros pontos de vista, gerando um confronto que resultará em uma versão, espero eu, mais próxima da verdade. A ideia do Blog Carta Ilhagrandense é justamente essa: juntar uma galera e, registrando seus pontos de vista sobre Ilha Grande, criar um alicerce para a pesquisa das gerações vindouras.  Por hora, quero continuar o que comecei em fevereiro. 

A proposta é explicar como chegamos no momento político em que Bernadete Leal, Edmar e Marina Brito disputam a vaga do executivo municipal. Porque temos essas opções? Qual foi a trajetória política deles nessa cidade, entende? 

Então vou começar com o que encontrei em blogs e o que já temos de entrevistas e textos. Como leitura complementar, para quem quiser me acompanhar, sugiro caso não tenha feito ainda, ler o texto sobre os movimentos políticos que escrevemos em fevereiro deste ano: https://www.blogger.com/u/1/blog/post/edit/8956835553304095116/5066788389810710925 , lá você encontrará um pequeno resumo de como foram as campanhas políticas anteriores. Sugiro, já que contamos com sua disposição para leituras, ler os textos da emancipação e da divisão do território, para que se compreenda o contexto. Aqui focarei principalmente nas duas campanhas anteriores: 2012 e 2016, extraindo destas as informações que usarei posteriormente.

 

Na minha mente, para entender a condição política de Ilha Grande é preciso conhecer os eleitores e os movimentos políticos, que são todos os contratos e acordos firmados e desfeitos entre os principais personagens da politica ilhagrandense, ou pelo menos aqueles que ficaram registrados e que se tem acesso. Aqui escrevo sobre os eleitores; o segundo tema, dividirem em outros textos. O que vou escrever é mais para organizar meus pensamentos e deixar mais esse registro, esse outro ponto de vista; um terceiro olhar.  

Quem são os eleitores?

Sexo / Grau de Instrução do Município

Tribunal Regional Eleitoral do Piauí

 

 

Data de Referência:20/10/2020

 

Faixa Etária

Masculino

%

Feminino

%

Não Informado

%

TOTAL

ANALFABETO

428

59,69

289

40,31

0

0,00

717

LÊ E ESCREVE

656

55,55

525

44,45

0

0,00

1.181

ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO

1.273

54,38

1.068

45,62

0

0,00

2.341

ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO

326

54,52

272

45,48

0

0,00

598

ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

636

48,37

679

51,63

0

0,00

1.315

ENSINO MÉDIO COMPLETO

618

42,13

849

57,87

0

0,00

1.467

SUPERIOR INCOMPLETO

79

39,90

119

60,10

0

0,00

198

SUPERIOR COMPLETO

80

32,52

166

67,48

0

0,00

246

TOTAL

4.096

50,80

3.967

49,20

0

0,00

8.063

 

 

 

 

Tabela de eleitores de Ilha Grande por sexo e grau de instrução.



                Nas minhas pesquisas sobre os eleitores, encontrei os seguintes números segundo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Ilha Grande conta com 8.063 eleitores aptos a votar em 2020, a grande maioria encontra-se na faixa de idade de 25 a 39 anos. Uma condição importante para a análise, é em relação ao nível de ensino do eleitorado, sendo que 29,03% (2.341) não concluíram o ensino fundamental, em comparação a 3,05% (246) que tem ensino superior completo. Para frisar melhor a condição, é importante ressaltar que o número de pessoas que declararam ser analfabetas (717) é maior que a soma dos que declaram ter ensino superior incompleto (198) e ensino superior completo (246). Por ser formada em sua maioria por agricultores e pescadores, e com o nível de ensino básico que tínhamos e temos, esse fato, embora seja importantíssimo para essa discussão, não é surpresa.



Site do Índice de Governança Municipal indicando a distância entre a condição real da educação e vulnerabilidade social de Ilha Grande em comparação com as metas planejadas em Ilha Grande.  

https://igm.cfa.org.br/dimensao/MjQxMTg=/Mw==#dimension2_3


                     Em 2016, quando houve campanha para prefeito e vereadores pela última vez, Ilha Grande contava com 7412 eleitores, o que expõe um crescimento de cerca de 8,07% daquele ano para 2020; nada comparado com o salto de quase 100% no número de eleitores entre a primeira e segunda campanha para esses cargos na cidade, porém se compararmos com o número de eleitores em 2012 (7331) percebemos que o aumento de 2016 para 2020 foi 8 vezes maior que de 2012 para 2016.

                O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), contou em 2010 o número de habitantes de nossa cidade e encontrou 8914 pessoas, com isso o instituto estimava que em 2020 teríamos 9457 habitantes, ou seja, da população 5,6 % não são eleitores, com isso apenas 452 habitantes são menores de 16 anos ou não tiraram título de eleitor ainda. Embora a previsão possa estar errada, devemos guardar essas informações e ter em mente que além de eleitores residentes em Ilha Grande, devemos contar com no mínimo 1500 eleitores que residem em outra cidade. Em um município que já viu eleições decididas com 50 votos de diferença, a decisão desses 1500 deve ser colocada no cálculo, resta saber quais parâmetros essas pessoas usam para decidir o melhor para a cidade. (veja: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pi/ilha-grande/panorama)

Site do Índice de Governança Municipal indicando um inchaço no número de servidores, principalmente em cargos comissionado.  

https://igm.cfa.org.br/dimensao/MjQxMTg=/Mg==#dimension2_2

            Inato ao homem, existe o sentimento de identidade social, que a gente usa para escolher determinado grupo, separando assim a sociedade em blocos de pessoas, que se acham representadas em times de futebol e partidos políticos por exemplo (leia: https://amenteemaravilhosa.com.br/identidade-social/). A própria definição de partido fala da representatividade da vontade de um grupo, no entanto a vontade individual prevalece sempre diante da vontade coletiva. 

            Ainda segundo IBGE “em 2018, o salário médio mensal era de 1.8 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 5.4%. Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 83 de 224 e 156 de 224, respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posição 3263 de 5570 e 5107 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 53.1% da população nessas condições, o que o colocava na posição 147 de 224 dentre as cidades do estado e na posição 767 de 5570 dentre as cidades do Brasil”. A esta condição devemos elencar os fatos de ter mais de uma década que a cidade não tem concurso público, mesmo tendo apresentado relativo crescimento; a informalidade dos trabalhadores de Ilha Grande; a grande dependência de programas sociais e a sazonalidade dos empregos com algum grau de indicação política. Tudo isso serve de combustível para a formação dos grupos que acompanham cada candidato.

            Podemos observar o cabo de guerra do grupos políticos nos números de participantes de convenções, reuniões, carreatas, passeatas, seguidores etc. isso se dá para convencer os eleitores ainda indecisos de que determinado grupo tem aceitação maior que outro, pois o ser humano tende ao lado aparentemente mais forte, aquele que se sentiria mais favorecido e protegido pela quantidade de integrantes. Mais na frente, quando estiver apresentando os movimentos políticos, você notará que, a médio prazo, o mesmo combustível que serviu para formar os grupos, será responsável por sua ruina; o número de solicitações dos membros de um grupo será incompatível com o que se terá disponível. A expectativa de cada membro será posta em cheque e isso gera uma condição migração dos membros entre os grupos, principalmente dos desfavorecidos; estes desistem de participar, se aliam aos opositores ou tornam-se opositor com seu próprio grupo, e é sobre isso que vou falar nos próximos textos.

Escrito por: JORGE CRUZ DOS SANTOS, ilhagrandense, formado em Matemática pela Universidade Federal do Piauí - Parnaíba, Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática - FAERPI. 


Ilha Grande - PI, 20 de outubro de 2020
Carta Ilhagrandense.
Dos Autores.

Aos eleitores.